História

Agrupamento de Escuteiros 508 Arões

As origens do Agrupamento de Escuteiros nº 508 do Corpo Nacional de Escutas remontam ao ano de 1975. Ao nível do país, vivia-se ainda uma certa instabilidade pós-Abril de 74, e a pacata, bem na extremidade da Diocese de Viseu, freguesia de Arões, não era de modo alguma uma excepção a esta onda de agitação e mudança que percorria todo o país.

 Arões tinha uma situação geográfica característica, estando tão distante da sede da Diocese quanto possível, pertencendo mesmo ao concelho de Vale de Cambra, distrito de Aveiro. Não obstante, pulsava igualmente na pequena freguesia o mesmo impulso de Fé e Dever, que levou a que, a 22 de Novembro de 1975, por iniciativa do pároco da altura, Pe. Marques Alexandre, e em conjunto com um grupo de jovens paroquianos, se realizasse a primeira reunião tendo em vista a criação do Agrupamento. Sob a premissa registada em acta de SEMPRE ALERTA PARA SERVIR, tornaram-se membros-fundadores Martinho Fernandes, Augusto Caetano, Victor Correia, Abel Nunes, Augusto de Almeida Rodrigues, Luís Carmona, António Borges e Manuel Augusto.

                                      1ªacta – Fundação do Agrupamento

Com determinação e entusiasmo rapidamente este pioneiro grupo se expandiu e se aculturou nas determinações e costumes do CNE, ainda que não estando oficialmente registado junto dos órgãos oficiais do Corpo Nacional de Escutas.

 Ainda assim, no ano seguinte, em 1976, o grupo reunia-se pela primeira vez para acampar, numa propriedade da freguesia conhecida como Lameiro do Guerra. Depois deste primeiro acampamento, foi-se expandindo tanto em número de elementos como em número de actividades.

 De destacar a publicação, no período 1976-1979, de um periódico de nome O ALERTA. Esta publicação tinha uma tiragem única, já que era produzida totalmente pelos jovens do Agrupamento numa cartolina posteriormente exposta em local público. Ainda assim, O ALERTA contou com dezenas de números publicados, em que dava conta não só das actividades e acontecimentos marcantes no Escutismo a nível local e regional, mas também dos grandes eventos que marcavam a actualidade de então. Numa época de escasso desenvolvimento das comunicações e num meio rural, era de facto uma missão louvável.

Fig. 1: O primeiro acampamento (Lameiro do Guerra, Arões – 1976)

Ao longo dos anos 80, uma das principais forças impulsionadoras deste agrupamento foi o Chefe David Rodrigues que, não sendo natural da freguesia, trouxe todo o seu conhecimento e perícia para  ajudar o Agrupamento nesta sua fase ainda de certo modo embrionária. Foi aliás, durante o período em que o Chefe Rodrigues dirigia o Agrupamento, que se deu a sua filiação no Corpo Nacional de Escutas. A 20 de Fevereiro de 1983, tendo como Chefe de Agrupamento David Rodrigues, e com um total de 46 membros (15 Lobitos, 16 Exploradores e 15 Dirigentes), o até ali Agrupamento de Escuteiros de Arões passava a ser oficialmente reconhecido como o 508º Agrupamento do Corpo Nacional de Escutas. Perto do fim da década, o Chefe David, depois de um incalculável contributo, abandonou o 508 e seguiu em frente para introduzir o Escutismo na sua paróquia natal, a paróquia adjacente de Cepelos.

A iniciativa e o espírito escutista alicerçado na Fé foram uma constante ao longo das décadas de evolução do Agrupamento, e este foi ganhando alguma notoriedade no seio da comunidade, não só pela sua acção edificadora nos jovens mas também pelas suas actividades de intervenção social e ambiental.

Na componente edificante, tornou-se um dado adquirido e um motivo de orgulho para os jovens pertencerem ao Agrupamento, pelas capacidades, conhecimentos e valores que poderiam adquirir junto do competente núcleo de chefes que rapidamente ali se reuniu.

Em termos de intervenção social e ambiental, visita e acompanhamento de doentes em intrínseca colaboração com o Pároco e a Igreja, e actividades de reflorestação e reabilitação de zonas verdes ao longo das encostas da sua bem próxima Serra da Freita, são de mencionar. Foi nessa mesma Serra da Freita que o Agrupamento recebeu – numa casa florestal abandonada que reaproveitou como seu pólo em plena serra – alguns grupos Escutistas provindos de todo o país, que vinham em busca das privilegiadas paisagens e condições que a zona oferece.

Mais tarde, no início dos anos 90, era eleito um novo Chefe de Agrupamento que acabou por se mostrar determinante na evolução do mesmo nos anos vindouros: o Chefe Carlos Tavares assumiu então o lugar e nele desenvolveu um notável trabalho que fez o 508 Arões ganhar notoriedade a um nível concelhio – sendo uma entidade frequentemente requisitada pela Junta de Freguesia e Câmara Municipal para as mais diversas actividades –, a um nível regional – sendo o Agrupamento reconhecido nas instâncias regionais pela assiduidade, esforço e dedicação mostrados em todas as actividades – e mesmo a um nível nacional. O Chefe Carlos Tavares foi basilar na evolução do Agrupamento ao dos anos 90, que representaram provavelmente o seu pico de actividade, qualidade e número de elementos: eram frequentes as actividades em toda a zona envolvente de Arões e um pouco por todo o país, travando contacto com outros grupos Escutistas e imbuindo nos seus elementos não só mestria técnico-prática, como também os valores que regem o Escutismo.

Foi nos primeiros anos da década de 90, mais concretamente em 1992, que se deu uma das Actividades de maior relevo na cronologia do 508 e na memória dos seus membros. O XVIII ACANAC, no Praia do Palheirão, região de Coimbra, contou com a presença de um respeitável contingente de 29 Escuteiros de Arões, dividindo-se numa Patrulha de Exploradores de 6 elementos, 2  Equipas de Pioneiros de 6 elementos cada e ainda uma Equipa de Caminheiros de 7 elementos, acompanhados por 4 dirigentes. O ACANAC ’92 foi uma actividade que marcou uma geração e que ficou gravada na memória desses Escuteiros, sendo ainda hoje frequentemente evocada.

Fig. 2: O prémio da equipa São Tiago, vencedora do raide da III no XVIII ACANAC

Para além de toda a experiência intensa que é a participação num Nacional, os membros do 508 trouxeram para casa um primeiro lugar no raide da actividade, uma expedição pelo Mondego. A Equipa São Tiago trouxe para casa esse primeiro prémio e, reza a história, a Equipa Santo António, rondando os primeiros lugares, ficou para trás para ajudar uma irmã Escuta totalmente desconhecida que se tinha magoado, provando que, no Escutismo, muito mais que vencedores, se formam bons cristãos, nos valores da fraternidade e amor ao próximo.

A actividade do Agrupamento foi decorrendo intensamente ao longo de toda a década de 90, sendo que no início do novo milénio, a pouco e pouco este foi entrando numa letargia e num subsequente abandono, tornando-se as actividades mais e mais espaçadas e efusivas, e reduzindo-se o entusiasmo por parte dos seus membros, podendo-se mesmo afirmar um certo hiatos entre os anos de 2003 e 2008.

Contudo, com o contributo do novo Assistente Espiritual do Agrupamento Pe. Eurico Teixeira de Sousa e de novos e dinâmicos jovens que se juntaram ao Corpo de Dirigentes, operou-se, a partir de 2009, um ressuscitar da pulsante mística escutista que dominou Arões durante várias décadas. Esta  demorada operação teve um ponto alto em Setembro de 2010, com a reentrada do 508 na órbita das actividades regionais. O ACAREG desse ano contou com a presença de 30 Escuteiros de Arões, que regressaram com resultados bastantes positivos e, acima de tudo, renovado entusiasmo.

Esse renovado entusiasmo permitiu que, meses mais tarde, em Abril de 2011, Arões voltasse a acolher nas suas terras uma Actividade Regional: o ERP, Encontro Regional de Pioneiros, trouxe a Arões 32 equipas de 21 Agrupamentos diferentes, num total de 239 participantes, consolidando assim o reavivar da tradição Escutista que durante décadas marcou a paróquia de São Simão de Arões.

Fig.3: Panorâmica do Grupo de Pioneiros presentes no ERP, em despedida (Arões – 2011)

O Agrupamento comemorou o 30º aniversário da sua fundação em 2005, com uma exposição de objectos e fotografias marcantes na sua história e com uma cerimónia de homenagem aos seus fundadores.

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